Obrigada a todos que vieram conosco até aqui.
Meu menino tigre
As aventuras de ser mãe de um tigrinho do outro lado do mundo
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Novos rumos
domingo, 12 de agosto de 2012
Até nunca mais
Passeando pelas ruas de Jacarta nos dias que antecederam nossa partida, fiquei pensando no que não veria mais ou experimentaria mais, provavelmente nunca mais.
Nunca mais verei pessoas acocoradas no meio de avenidas movimentadas jogando tranquilamente o xadrez de todo dia;
Nunca mais verei miquinhos amestrados, fantasiados com máscaras medonhas, a fazer macaquices tristes, enquanto acorrentados a meninos sujos nos sinais de trânsito em busca de alguns trocados;
Nunca mais verei famílias inteiras espremidas num banco de moto. Adultos de capacete, crianças, sem. Em consequência, nunca mais acharei graça em acrobacias motociclísticas em que a única atração é o número de pessoas equilibradas em cima da moto;
Nunca mais assistirei a badminton na tevê;
Nunca mais cumprimentarei o pizza man;
Nunca mais comprarei batik de seda no Pasar Majestik;
Nunca mais direi 'pagui' de manhã;
Nunca mais verei pessoas vestindo máscaras anti-poluição para sair de casa;
Nunca mais tentarei entender por que os táxis nunca paravam para nos atender no meio da rua;
Nunca mais sentirei o mau-cheiro da durian;
Nunca mais serei parada no meio da rua para tirarem uma foto comigo, ou com João, ou para praticarem inglês;
Nunca mais ficarei horas presa no trânsito porque os motociclistas resolveram se abrigar da chuva embaixo dos túneis, fechando o tráfego.
Nunca mais nadarei na enorme piscina do Pearl Garden. Quando João pedir: 'mamãe, nadá scina', teremos de atravessar a cidade inteira.
Nunca mais terei motorista;
Nunca mais iremos a shows de bandas australianas desconhecidas que só o Túlio conhece no Bengkel;
Nunca mais verei a cara engraçada da Susi todo dia de manhã;
Nunca mais teremos notícias da Lia, a quem João chama toda vez que se cansa da gente ou que cai no chão.
É uma vida inteira para o fundo do baú.
E o nascimento de outra. Tanta coisa para descobrir e milhões de borboletas no estômago.
Nunca mais verei pessoas acocoradas no meio de avenidas movimentadas jogando tranquilamente o xadrez de todo dia;
Nunca mais verei miquinhos amestrados, fantasiados com máscaras medonhas, a fazer macaquices tristes, enquanto acorrentados a meninos sujos nos sinais de trânsito em busca de alguns trocados;
Nunca mais verei famílias inteiras espremidas num banco de moto. Adultos de capacete, crianças, sem. Em consequência, nunca mais acharei graça em acrobacias motociclísticas em que a única atração é o número de pessoas equilibradas em cima da moto;
Nunca mais assistirei a badminton na tevê;
Nunca mais cumprimentarei o pizza man;
Nunca mais comprarei batik de seda no Pasar Majestik;
Nunca mais direi 'pagui' de manhã;
Nunca mais verei pessoas vestindo máscaras anti-poluição para sair de casa;
Nunca mais tentarei entender por que os táxis nunca paravam para nos atender no meio da rua;
Nunca mais sentirei o mau-cheiro da durian;
Nunca mais serei parada no meio da rua para tirarem uma foto comigo, ou com João, ou para praticarem inglês;
Nunca mais ficarei horas presa no trânsito porque os motociclistas resolveram se abrigar da chuva embaixo dos túneis, fechando o tráfego.
Nunca mais nadarei na enorme piscina do Pearl Garden. Quando João pedir: 'mamãe, nadá scina', teremos de atravessar a cidade inteira.
Nunca mais terei motorista;
Nunca mais iremos a shows de bandas australianas desconhecidas que só o Túlio conhece no Bengkel;
Nunca mais verei a cara engraçada da Susi todo dia de manhã;
Nunca mais teremos notícias da Lia, a quem João chama toda vez que se cansa da gente ou que cai no chão.
É uma vida inteira para o fundo do baú.
E o nascimento de outra. Tanta coisa para descobrir e milhões de borboletas no estômago.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Blogagem Coletiva: Mãe de dois ou mais filhos
Duas crianças. Ou muitas crianças. Um mundo de fraldas. Nenhuma noite bem dormida nunca mais na vida. O fim da juventude finalmente escancarado em dores nas costas e olheiras profundas a cada novo ano de vida daquelas desgastantemente adoráveis criaturas. Quem não quer?
Os indonésios querem ou, pelo menos, não lhes envelhececm tanto os choros e as febres. Eles são os brasileiros de duas gerações atrás. Os pais dos nossos pais que tiveram muitos filhos, perderam alguns e seguiram na vida como quem segue com a boiada. Eu sou da roça e lá perde-se um boi, dois, mas a boiada chega a seu destino. Triste e custoso, mas é a vida de boiadeiro.
E aqui na Indonésia parece que tem muito boiadeiro na cidade grande. Em Jacarta, as famílias são numerosas. Mulheres têm o dever de cuidar do marido, dos muitos filhos e da casa e só trabalham se precisarem ajudar a compor a renda ou sustentar a casa.
Há algum tempo, a filha do nosso caseiro sofreu um acidente. Caiu numa piscina perto da casa dela. Acabou com sequelas que a impediram que falar e andar. O caseiro emudeceu das piadas habituais. Mas, depois de poucos meses, desistiu dos hospitais e resolveu seguir com um tratamento alternativo: nenhum! É a vida. Deus quis assim. "Deve ser porque ele gasta muito dinheiro à tôa, comprou coisas caras no mês passado e Deus viu tudo", condenou um colega dele.
A faxineira, que ganha muito mais que o marido, engravidou logo depois do casamento. Como vamos embora, vai ficar desempregada antes do nascimento do filho e adivinho que ninguém vai contratá-la com barrigão. Mas ela precisa cumprir logo o dever de ter muitos filhos esperado pelo marido e por todo mundo. Se a cria vai ter fraldas ou berço ou plano de saúde é outra história.
E eu, que quero ter um segundo e último filho e ainda peno com noites insones, penso nas rugas, nas olheiras, nas fraldas, no plano de saúde, nas febres, no mestrado que quero fazer, na carreira que descobri que quero seguir, no fim, no início, em tudo. Meu Deus, sábios são os indonésios. Desconfio que pensem só nas criaturas desgastantemente adoráveis!
Para saber o que pensam outras mães espalhadas pelo mundo sobre o mesmo tema, acesse o site das mães internacionais!
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Lost in translation
_Doutor, viemos dar a vacina contra Hepatite A ao menino.
_ Hepatite A? Ele não precisa dessa vacina. Só aos três anos de idade. Agora ele tem de tomar contra tifo.
_ Mas o outro médico disse que era preciso dar a vacina contra Hepatite A aos dois anos ou antes disso. Disse que há uma epidemia na cidade.
_Ah!
_ Então, doutor, ele deve tomar contra a Hepatite A agora, aos dois anos mesmo?
_Sim, sim.
_ E também contra tifo?
_Sim, contra tifo.
_ As duas? Mas o senhor não disse que ele deveria tomar contra a Hepatite A só aos três anos?
_ É, só aos três anos!
_ Doutor, estou confusa. Ele deve ou não deve tomar vacina contra Hepatite A?
_ Isso mesmo!
_ Hepatite A? Ele não precisa dessa vacina. Só aos três anos de idade. Agora ele tem de tomar contra tifo.
_ Mas o outro médico disse que era preciso dar a vacina contra Hepatite A aos dois anos ou antes disso. Disse que há uma epidemia na cidade.
_Ah!
_ Então, doutor, ele deve tomar contra a Hepatite A agora, aos dois anos mesmo?
_Sim, sim.
_ E também contra tifo?
_Sim, contra tifo.
_ As duas? Mas o senhor não disse que ele deveria tomar contra a Hepatite A só aos três anos?
_ É, só aos três anos!
_ Doutor, estou confusa. Ele deve ou não deve tomar vacina contra Hepatite A?
_ Isso mesmo!
By Hugh Macleod |
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