Despedidas

Eu achava que não gostava de despedidas. Preferia sair à francesa. Mas tinha alguma coisa no adeus que eu não conhecia. O despedir-se envolve uma angústia, uma saudade, uma vontade grande demais de expressar o que se sente pra não deixar escapar esse sentimento junto com quem vai embora. Foi assim dessa vez. Antes de virmos para Jacarta, abraços, telefonemas de longe e de perto, cartas antigas, cartas novas, mensagens eletrônicas, beijos, lágrimas, muito afeto.

E eu caçoando: "Pra que chorar, gente? Daqui a pouco a gente volta". Mas no aeroporto me deu um clic. Opa, estou mesmo indo embora. Não a turismo. Caso eu ache um saco, não vou poder correr de volta pra casa. Jacarta seria minha casa. É. Longe. Eu seria (sou) mãe em tempo integral. Uma cultura, um povo, uma língua desconhecidos. Lembrei cada beijo, cada abraço, cada despedida. Foi aí que entendi o adeus. Vocês, meus amigos, é que sabiam o que me esperava. O que nos separa não é um oceano, continentes distantes. É uma vida inteira. Uma vida nova.