domingo, 10 de outubro de 2010

No country for pedestrians

Não existe calçada aqui em Jacarta. Só há lugar para carros, motos e poucos ônibus. O pequeno espaço entre prédios e ruas é ocupado por postes, lixo, banquetas e gente acocorada (eles adoram se acocorar). Nunca, ou quase nunca, tem calçada para pedestre, pessoas em movimento, passantes, transeuntes. Imagine se terá espaço para carrinho de bebê.

A solução que encontrei para andar com João na rua foi enfiá-lo no sling. Ele odeia ficar deitado na redinha, mas aceitou bem se sentar dentro dela. Agora, com quase quatro meses, já dá para ele ficar assim porque está bem mais durinho. Ele fica olhando o mundo ao redor. E olha que tem muita coisa para olhar por aqui. Não há espaço vazio. Mas só vamos assim a lugares bem pertinho porque o menino anda pesado.

O trânsito - eu já sabia - é caótico. Super desorganizado. Como quase sempre, os problemas de tráfego aqui em Jacarta estão obviamente relacionados à precariedade do transporte público. Não têm metrô, apesar de a cidade abrigar quase 18 milhões de pessoas, e os raros ônibus que circulam estão caindo aos pedaços. A maioria está na mãos de antigos motoristas e alguns poucos restam sendo controlados pelo Estado - estes não estão em melhores condições.
Detalhe de um dos ônibus mal conservados que circulam na rua
Resultado: muitos carros, pra quem tem dinheiro para compra-los, incontáveis motos por todos os lados, trânsito lentíssimo e algumas curiosidades. Uma delas, no meio da bagunça, me chamou atenção: homens e mulheres sinalizando um número com as mãos (um ou dois, geralmente) nas ruas mais movimentadas. Eles se oferecem como caronas para os motoristas que dirigem desacompanhados. Uma lei impede que, nas grandes avenidas, carros circulem com menos de três passageiros. Uma tentativa de desafogar o trânsito, talvez?
Trânsito num dia tranquilo
Não sei até que ponto essa lei é fiscalizada. Segundo o motorista de uma amiga, os caronas cobram entre dez mil e vinte cinco mil rúpias (a moeda local) pelo serviço, dependendo do carro (se for um carrão, a corrida do carona vale mais) e a distância percorrida. Parece muito, mas é quase nada. Dez mil valem apenas um dólar.

Entre gente de carro, de moto, apinhada nos ônibus, acocorada nas beiras das ruas, carregando menino embaixo do braço, indo para o trabalho, pedindo esmola, vendendo comida de rua ou se oferecendo como carona, não me arrisco, pelo menos por enquanto, a passar com um carrinho de bebê. Fora que também nunca vi algum local fazer isso.

Ainda bem que agora temos carro. São só 25 minutinhos para percorrer mais ou menos dois quilômetros que separam nosso hotel do trabalho do Pedro. Isso quando o trânsito está muito bom! Eu e João, se vamos visita-lo, nos acomodamos na janelinha. Nesse tempo, dá para ficar vendo de tudo um pouco que acontece nas ruas de Jacarta e contar aqui.
Taksi - como eles escrevem aqui. Repare na mão inglesa


3 comentários:

  1. Como assim adoram se acocorar? De repente do nada eles se acocoram? E que doida essa lei dos carros não poderem passar com menos de três pessoas! A moeda é a mesma da Índia? Você já tá dirigindo aí? Como é o esquema de táxi? E cadê as fotos??? Tô doida pra te visitar! Bjo!

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  2. Maria Clara, acocorar-se é um hábito totalmente asiático. No Japão, é muito comum. E sinceramente, é uma ótima posição para descansar dessas cidades cansativas e lotadas de gentes, carros, ônibus e etc, né? Sobre as caronas, que excelente solução esses indonésios encontraram? Lembra que aqui em Brasília dá até 'gunia' (agonia) de ver tanta gente sozinha naquele monte de carro? Se a gente tivesse a população de Jacarta, ia ver só se esse sistema não funcionava... O problema é que aqui tem um fenômeno que na Ásia quase não existe: violência... VAi percebendo por aí e depois me diz. Lá no Marrocos também tem essa lei que os petit taxis (que são carros-lotação) também não podem carregar mais de 3 pessoas. Não aceitam nem 3 pessoas e um bebê. Foi o maior perrengue para a gente andar por lá com Aninha, Mayra e Clayton...
    Carrinho de bebê é luxo só menina, em qualquer lugar do mundo, é por isso que aí ninguém tem e que as mulheres desenvolveram mil habilidades de carregar menino nas costas para todo lado. Nessas horas, a gente se sente meio besta mesmo, mas tenho certeza de que nada vai acontecer se você desfilar com o João em seu carrinho. No máximo vão achar que você é mesmo a gringa mais estranha do mundo. E toma cuidado redobrado para não ser atropelada por bicicletas!
    Último comentário: você acha que o João está pesado com 4 meses? Hahahahahahaha!
    Beijos e saudades,
    Flávia

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  3. Flavinha, que saudades!!! Frava, aqui não tem espaço pra carrinho, não! Não é exagero dizer que não tem calçadas. Vou tirar fotos e mostrar! Os moleques vão mesmo nas costas. Acho o máximo e quero comprar uns slings aqui que são mil vezes melhores que os meus.
    Sobre bicicletas, aqui eles não usam não. Nunca vi nenhuma. Ou é moto, ou carro. Se for pobre, é moto. Então, é perigoso andar na rua mesmo e ser atropelado por uma.
    E acocorar-se não é só um hábito asiático. Lá em casa, isso é antigo!
    Saudades docês. Beijos.

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