Cinco meses

João engordou 270 gramas e cresceu um único centímetro em um mês inteiro. Isso é muito pouco para um bebê. Muito pouco. Estou feliz que meu filho, apesar disso, está saudável e alegre. Mas extremamente decepcionada que todos os nossos esforços pra ele mamar e comer não tenham resultado em um desenvolvimento no mínimo esperado pra idade dele.

Há muito tempo eu queria escrever sobre minhas dificuldades em relação a amamentação. Agora estou simplesmente muito puta, muita puta. Estou puta por ter acreditado que apenas oferecer o peito toda hora era suficiente pro meu filho, por acreditar que o corpo e a natureza são perfeitos e que o próprio bebê consegue regular a quantidade de leite de que precisa, bla bla bla. Muito bonito na teoria. Pra mim, não foi bom ter amamentado exclusivamente até agora.

É verdade que o menino ganhou bastante peso do terceiro para o quarto mês apenas mamando, mas foi um sufoco. Ele ficava 24 horas pendurado no peito. Agora, parecia que ele estava mamando mais rapidamente e mais vezes, mas, segui o conselho de deixar o bebê mamar o quanto quiser, ou o quanto parecia querer. Bem, não funcionou.

E por que não funcionou? Porque ele faz lanchinhos e não mama bem realmente? Porque ele não chega a tomar a parte gordurosa do leite? Porque ele associou tanto o ato de mamar ao de dormir que sempre adormece no peito? Não sei. Estou ficando cansada de tentar descobrir. O fato é que ele deve estar com fome e, obviamente, isso está afetando o sono e o desenvolvimento do meu filho.

E por que diabos eu não sei o que realmente atrapalha a amamentação do meu filho? Ah, sim, pra isso eu tenho uma resposta. Amamentação, muito, mas muito distante das campanhas publicitárias, não é algo intuitivo e precisa ser aprendida por mãe e bebê. Toda mãe sabe os benefícios de amamentar os filhos - anticorpos, relação entre mãe e bebê, essas coisas. E por que, então, a média de tempo de amamentação no Brasil está abaixo de 30 dias? Será que as mães são super egoístas e não querem perder tempo dando de mamar? Será que não agüentam uma dorzinha no peito na hora de amamentar?

Se eu aprendi alguma coisa com essa experiência é que as mães, nós, mães, não sabemos o que nos espera quando vamos amamentar e, quando os problemas começam, não sabemos a quem recorrer. Cada um fala uma coisa diferente e só me deixa mais confusa.

Se eu pudesse voltar no tempo cinco meses, diria a mim na maternidade: "Esqueça tudo o que leu nos fóruns, sites e livros sobre amamentação e vá agora a um banco de leite". Quanto mais cedo, menores as chances de ter seios doloridos, ingurgitados, mastites e, sobretudo, bebês mal nutridos.

Ao procurar essas comunidades de apoio ao aleitamento - há uma bastante popular no orkut - no lugar de encontrar apoio, sinto completa desilusão com os relatos de mães que passaram dias sentadas, ou deitadas, para o que o filho mamasse; de outras que ficaram anos - sim, ANOS -, achando normal que os filhos acordassem de meia em meia hora para mamar durante toda a noite. Esses conselhos simplesmente não me parecem razoáveis e não ajudam meu filho a entender que tem que comer.

De tanto só mamar, eu acho - porque já entendi que não sei nada sobre amamentação mesmo - meu filho só quer dormir no peito e acaba nem dormindo, nem mamando. Pior, não aceita mais nada que não seja peito. Não quer provar mamadeira, não quer comer frutas, não quer nada.

Se eu pudesse voltar no tempo apenas três meses, daria outro conselho a mim mesma: amamente e, ao mesmo tempo, acostume seu filho a tomar leite - materno ou de fórmula, não importa - na mamadeira desde já. Hoje, talvez ele não estivesse nessa greve de fome.

João, aos cinco meses, nem aí para as reclamações da mãe!

Em tempo: agradeço todas as mães que tentaram me ajudar com conselhos e compartilhando suas experiências aqui no blog. Desculpem pelo desabafo, mas tem hora que a barra pesa, né?