Tão longe, tão perto.

João sabe dizer papai. Nada de dada, papa, tata. É pa-pai bem pronunciado. Longe do pai desde o dia 17 de julho, ele aprendeu a chamá-lo. E chama quando o vê pelo skype, quando conversa sua linguagem joanesca, quando sonha de noite.

Não chama um pai imaginário, a mãe, um tio emprestado ou qualquer outra pessoa. É o pai, aquela cara barbuda e branca. É só vê-lo na foto do desktop, na janelinha do bate-papo, no celular, no sonho de toda noite que ela solta: "Papaaaai".

Eu também sinto saudades. Velha, cansada e com olheiras ainda maiores - sim, isso é possível -, agüento sozinha todas as dicas infalíveis de cada tia sobre como criar nosso filho muito melhor do que fazemos. Lavo mamadeiras, troco fraldas, me faço de mica amestrada, um pouco palhaça, dou bronca, insisto para comer só uma colherinha, carrego malas, menino, banheira, brinquedos mundo afora e só divido cada coisinha nova aprendida pelo menino em dez minutinhos de conversa diária pela internet. Santa internet.

Há um ano, no nosso primeiro dia dos pais, eu escrevi sobre a importância de se expandir a licença paternidade para o pai poder cuidar e, cuidando, criar os primeiros laços com  seu filho. Hoje, nos nossos primeiros dias longe do pai, sentimos falta de dividir todas as coisas difíceis e boas demais de todo dia. Em um ano, laços fortes entre pai e filho.

Pedro achou que João fosse esquecê-lo nesse mês e meio que passaremos longe. Longe no espaço, o menino, com 14 meses completos hoje, aprende a cada dia a demonstrar como 'papaaaai' está tão perto do coração!

Pedro, feliz dia dos país!

Em Istambul, no dia 11 de julho de 2011