domingo, 10 de abril de 2011

Babá

Pra contratar uma boa babá, é preciso pesquisar um monte de coisas. Saber se tem boas referencias,  experiência com criança, noção de primeiros socorros, mão boa pra papinhas, ser capaz de ler bula de remédio e receita de sopa sem confundir medidas e instruções, além de paciência comprovada. Pelo menos. Aqui em casa, na hora de contratar uma babá, fiz a seguinte entrevista:

Eu: Olá, tudo bem?

Ela: Tudo bem.

Eu: Sabe falar inglês?

Ela: Um pouco

Eu: Contratada!

A necessidade de ter uma babá aqui é urgente e passa longe do supérfluo. Cineminha e happy hour nem entram nos nossos planos, a não ser com muita antecedência e intervenção divina pra fazer a babá querer gastar seus preciosos dias de folga com um bebê que passa atualmente pela fase atração fatal por quinas, tomadas e degraus.

Quando falo que tenho babá, sempre tem alguém pra dizer: "Nossa, que sortuda". Oh, raiva! Detesto gente que compete pra ver quem tem a vida mais difícil e miserável. Veja, aqui não dá pra fazer chantagem emocional com os avós e descolar umas horinhas pra fazer as unhas. Unhas? Que isso mesmo? Ah, serve pra roer, né? Sequer arranjo uma vizinha pra olhar o moleque uns minutos enquanto vou ao mercado da esquina. Pra isso, tenho que pagar mesmo.

Fim de semana o esforço é dobrado. Quando o pai tá na área, a gente se diverte com as obrigações e, entre uma irritação e outra, tem sempre alguma coisa muito engraçada pra aliviar a barra. Mas, muitas vezes, ele tem compromissos de trabalho e aí eu acabo tendo de regredir uns anos pra poder conversar só com João.

A babá, no meu caso, é questão de sobrevivência - própria e alheia (o meu filho). O coitado não agüentaria uma mãe neurótica 24 horas. É preciso variar os adultos. Até tentei colocá-lo numa escolinha pra brincar com outras crianças, mas vocês acompanharam a tentativa frustrada.

As mulheres da minha infância tinham a vantagem de estar em meio a um monte de outras mães e poder dividir felicidades e agruras. Falavam mal do marido, maldiziam a trabalheira de casa e botavam a molecada pra quebrar tudo junta e, quebrando tudo, dar sossego. Era mãe, avó, tia, vizinha, amiga, amiga da amiga, mulher do colega de trabalho.

Devia ser uma fofoca desgraçada, mas a mulherada se identificava ao trocar uma idéia. Acho que isso foi se perdendo com as milhões de funções e papeis que as mulheres foram acumulando. No meu caso, não dá pra conversar com a vizinha. Meu nível de Bahasa estagnou no bom dia.

Hoje, a gente usa outros mecanismos - como os blogs - pra entender porque o menino não dorme de jeito nenhum, porque não come, ou porque dorme e come demais. Foi mal aí, minha gente, mas é que eu tenho que escrever pra poder falar e alguém me ouvir.

4 comentários:

  1. Ó, meu Deus! Eu te entendo tão, tão bem!!! Claro que para você é mais complicado, por estar em outro país, sem família e amigos para quebrarem um galho. Mas entendo a necessidade de uma babá, mesmo em outro contexto. Terça faz quinze dias que contratei a babá. Téo está super feliz porque tem alguém para brincar com ele de tarde, em vez de uma mãe com um olho nos livros e outro nele. Eu estou feliz porque posso ir à padaria, ao banco, ao salão e ao supermercado sem pedir ajuda para ninguém, além de poder estudar bem tranquila. E Yuri está feliz porque eu e Téo estamos! Hehe...
    Bjs

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  2. Clarinha,
    Morar fora tem dessas mesmo. Depois que vim pra ca tive que dar conta do recado com as unhas e depilação (!!)... Também tenho pesnado em deixar a Béatrice na "garderie", uma especie de berçario, para ela ficar uma horinha com outras crianças e interagir com adultos/instrutores, pois ano que vem ela ira para a escola e eu gostaria de evitar um "choque" com tantas novidades, pessoas e crianças falando outro idioma, essas coisas.
    Por mais que eu tenha as amigas aqui, mas nada como trocar ideias no blog, é como se estivesse falando com as comadres, vizinhas, com a nossa linguagem familiar.
    E assim a gente vai levando....
    Beijos : )

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  3. Oi Maria Clara,
    ri muito quando li isso. Lembrei dos tempos que eu trabalhei de babá aqui na Alemanha. Era só uma tarde por semana e em geral da quinta-feira. Sei que muitas vezes passei mais tempo batendo papo com a Anette mãe da Charlotte (de quem eu deveria cuidar). Isso não por preguiça minha, mas porque a Anette dizia que não conversava com alguém da mesma idade que ela desde o fim de semana. Acho que no final eu era tanto baby-siter dela como da Lotte. o que foi ótimo pois até hoje somos amigas e ela conseguiu não subir pelas paredes.
    Três vivas pra babá! tomara qu
    e eu conseiga ter uma quando a minha menininha chegar.
    Beijocas

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  4. Estamos sempre te ouvindo! Em breve, pessoalmente!

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